Das sete plataformas de produção de petróleo offshore previstas pela Petrobras para entrar em operação este ano, duas foram integralmente construídas em estaleiros brasileiros e quatro estão realizando a construção e integração de módulos em estaleiros locais. Apenas uma foi integralmente construída em estaleiro internacional. O fato é destacado em nota pelo presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Ariovaldo Rocha, para quem “as informações mostram a presença dos estaleiros brasileiros na implantação dos sistemas de produção de petróleo no país”. “A decisão política de implantar no Brasil uma indústria de construção naval competitiva tem o objetivo de assegurar capacidade local de fornecer equipamentos estratégicos para as metas produção de petróleo”, completa Rocha.
Segundo o presidente do Sinaval, “a indústria naval brasileira não pretende substituir todas as necessidades de importação, mas garantir alternativa local de construção naval. Para isso realizaram investimentos 13 grandes empresas listadas entre as mil maiores do país”. Rocha enfatiza que em 10 anos a construção naval brasileira realizou uma retomada relevante, num setor reconhecido mundialmente pelo forte apoio dos governos que subsidiam seus estaleiros ou detém controle acionário das empresas, como é o caso da China.
Ele lembra que num programa tão ambicioso quanto complexo, diversos contratempos devem ser esperados. O dirigente destaca que o Sinaval busca o diálogo permanente com a Petrobras. Lembra também que as primeiras 12 sondas de perfuração construídas por operadoras brasileiras (como Queiroz Galvão, Odebrecht e Petroserv) em estaleiros internacionais sofreram atrasos, informados pela então ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff.
O diretor de E&P da Petrobras José Formigli, em apresentação ontem na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), relatou o empenho da Petrobras para superação de problemas de construção do FPSO "Cidade de Itajaí", plataforma que está sendo integralmente construída em estaleiro internacional.
Apoio marítimo
O Sinaval alerta para a falta de contratos de navios de apoio marítimo construídos em estaleiros brasileiros. Desde 2009, a estimativa era de construção local de 146 navios previstos no Programa de Renovação da Frota de Apoio Marítimo (Prorefam), dos quais foram contratados somente 56 navios. No total, deixaram de ser contratados 90 navios, que seriam afretados aos operadores de apoio marítimo para construção em estaleiros locais.
A nota da entidade dos estaleiros aponta que as estatísticas divulgadas pela Antaq registram o aumento das despesas internacionais com afretamentos de navios de apoio marítimo à produção de petróleo. Esses afretamentos atingiram, em 2012, o valor de US$ 3 bilhões, um crescimento de 22,8% sobre 2011. "Os dados refletem a redução da construção local de navios de apoio marítimo, principalmente navios de maior porte como os AHTS (de manuseio de âncoras, reboque de plataformas e suprimentos) e PSVs 3000 e 4500 (supridores de plataformas de petróleo)", aponta Rocha.
O Sinaval destaca que os estaleiros construtores de navios de apoio foram implantados considerando um cenário de demanda anunciado pela Petrobras e divulgado em seus Planos de Negócios. "A não concretização dos contratos gera ociosidade nos estaleiros e corte no contingente de trabalhadores", diz Rocha. As informações da Abeam (Associação Brasileira de Empresas de Apoio Marítimo) registram 433 navios em operação no Brasil, sendo 257 de bandeira internacional e 176 de bandeira brasileira. Os números mostram o desequilíbrio que voltou a existir neste segmento.
Plano de Negócios da Petrobras
O Sinaval considera muito positivo o foco na área de exploração e produção de petróleo indicado no Plano de Negócios da Petrobras 2013-2017, representando investimentos, no período, de US$ 147,5 bilhões, 62% do total. O Plano de Negócios apresenta a relação entre áreas de produção offshore e as plataformas (UEP – unidades estacionárias de produção), mostrando a entrada em operação de 25 novas plataformas, até 2017, e outras 13 plataformas até 2020.
Plataformas
As seguintes plataformas estão programadas para entrarem em operação no período 2013/2014:
Em 2013
Plataformas integralmente construídas no Brasil:
FPSO P-61: construída no Estaleiro BrasFELS;
Semissubmersível P-55: casco construído no Estaleiro Atlântico Sul (PE); no Estaleiro Rio Grande (RS), integração de módulos e acoplamento do deque superior pela QUIP (RS), em operação reconhecida internacionalmente pela solução tecnológica;
Plataformas com integração de módulos no Brasil:
FPSO P-63: integração de módulos na QUIP (RS);
FPSO P-58: integração de módulos na QUIP (RS);
FPSO “Cidade de São Paulo”: integração de módulos realizado no Estaleiro BrasFELS (RJ); entregue no final de 2012, conquistando bônus por antecipação da entrega;
FPSO “Cidade de Paraty”: integração de módulos no Estaleiro BrasFELS.
Plataforma integralmente construída em estaleiro internacional::
FPSO “Cidade de Itajaí”: embarcação afretada à OOG-TKP (consórcio entre Odebrecht Óleo e Gás & Teekay Petrojarl).
Em 2014
FPSO P-62: fabricação e Integração de módulos realizadas pela UTC e pela QUIP (RS);
FPSO “Cidade de Mangaratiba”: fabricação e integração de módulos no Estaleiro BrasFELS (RJ);
FPSO “Cidade de Ilhabela”: fabricação e integração de módulos no Estaleiro Brasa (RJ).
Das 10 plataformas previstas no Plano de Negócios da Petrobras para operar até 2014, duas plataformas foram integralmente construídas no Brasil e sete plataformas tiveram seus cascos convertidos em estaleiros internacionais, mas com integração de módulos realizada no Brasil. Apenas uma plataforma foi totalmente construída em estaleiros internacionais. "Isso demonstra uma boa performance dos estaleiros brasileiros", destaca Ariovaldo Rocha.
Estão previstas no Plano de Negócios da Petrobras outras 15 plataformas que irão entrar em operação até 2015 e mais 13 até 2020, somando 28 novas plataformas.
Há oito cascos de plataformas tipo FPSO, as chamadas “replicantes”, em construção no Estaleiro Rio Grande (RS), e quatro conversões de cascos para FPSOs no Estaleiro Inhaúma, operado pelo consórcio Odebrecht-OAS-UTC.
Das 28 novas plataformas, 12 foram contratadas para construção em estaleiros brasileiros. Restam 16 plataformas que, ao que tudo indica, serão contratadas em estaleiros internacionais, com integração de módulos no Brasil para atender às regras do conteúdo local.
O Sinaval ainda busca o diálogo para construção local de algumas dessas 16 novas plataformas.
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